Estava eu pesquisando acerca do papel do educador (mais precisamente, do professor de teatro, do arte-educador) na formação (humana, artística, holística) de crianças e adolescentes, quando me deparei com uma curiosidade que me aguçou a inspiração para escrever esta matéria: celebra-se o dia das crianças (12 de outubro) e o dia do professor (15 de outubro) em dias muito próximos. Talvez, isso não signifique absolutamente nada. Mas, diante de uma coincidência desta, não poderíamos deixar de refletir um pouco acerca daquilo que estamos transmitindo às crianças e adolescentes, através dos ensinamentos, da vida, das experiências sociais, da mídia...
Naturalmente, a família é (ou deveria ser) a matriz-educadora, já que o convívio entre pais e filhos é a amálgama que vai forjar a personalidade da criança. Mas, é evidente que o convívio social com outras crianças e educadores, na escola e na vida, também farão parte deste processo.
Ensinar artes cênicas para crianças e adolescentes (compartilhar experiências teatrais, propor vivências nascidas nos meios teatral e circense, criar, recriar e cocriar) é uma tarefa extremamente prazerosa para mim, por uma razão muito simples: a estética da arte perde em importância para a formação humana do criador-criado da mesma - o aluno (criança e adolescente). Uso o termo criador-criado, porque o aluno é criador, sendo o protagonista do seu fazer teatral e é criado (alguns como filhos) porque é aluno, discípulo, aprendiz.
É inegável que nossa responsabilidade como educadores (de artes, de ciências, ou de qualquer coisa) tem de ir além do conteúdo, do experimento, do resultado objetivo, por uma razão muito simples: Estamos lidando com um afã pueril infinito de conhecimento e novas experiências. Há um vazio a ser preenchido em cada cabecinha, em cada espírito, em cada bojo emocional sendo construído nos alunos. E nós, pais e educadores, somos os paradigmas para eles, os modelos, os mestres... Eles estão nos observando o tempo todo, mesmo que não saibamos...
Questionado sobre o que é ensinar artes cênicas, sempre respondo: "É me realizar!". Eu vibro intensamente, quando, durante uma experimentação, eu vejo nos olhinhos e nos sorrisos dos alunos, mensagens como: "Eu consegui!", "Eu posso!", "Eu sou capaz!". Aí, vivencio a projeção do tempo adiante, sonhando com a grande realização do mestre: ver o discípulo superá-lo. E tantas e tantas vezes nos realizamos, quando reencontramos com ex-alunos, já adultos, que nos abraçam com tanta força e carinho, que os cinco, dez anos que não nos víamos, parecem não terem existido. São advogados, médicos, engenheiros, artistas, profissionais de inúmeras funções na sociedade - formadores de opinião, replicantes daquilo que VIVENCIARAM enquanto alunos, não apenas no teatro, mas nas AULAS de teatro.
Precisamos nos preocupar com que tipo de paradigma estamos sendo para eles, com que tipo de teatro estamos ensinando, com que tipo de posturas estamos tendo à frente deles na sala de aula e FORA DELA, afinal, sabemos: CRIANÇA VÊ, CRIANÇA FAZ. Sim, somos educadores diuturnamente. Não representamos a personagem "educador" no "palco" da sala de aula. SOMOS educadores!
A organização social não é feita de palavras e sim de ações. São as atitudes que regem o convívio social, que inspiram leis, que dão o tom de moral e ética à sociedade. Por isso, as crianças, que comemoram o seu dia próximo ao dia do professor, vão sempre repetir as ações daqueles que admiram e respeitam. E se nós, pais e educadores, não assumirmos esta grande dádiva - a de educar com nossas atitudes, estaremos formando uma sociedade pior do que esta da qual fazemos parte hoje.
PARABÉNS ÀS CRIANÇAS!... PARABÉNS AOS PROFESSORES!...
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